Foram as memórias afetivas das casas dos avós em Piranguçú, Minas Gerais, que inspiraram a corretora de imóveis, mãe de três filhos e dois netos, Siomara Rennó Siqueira Mendes, a realizar seu sonho de morar na roça, ao lado do marido, com quem está casada há 40 anos. A casa, que começou a ser construída há 20 anos em Itajubá, cidade mineira vizinha de Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira, foi construída com o sacrifício de quem não nasceu em berço de ouro, e acabou virando uma referência nas redes sociais. Construída por etapas, é uma casa em constante transformação, como a própria vida de Siomara, que a projetou.
O Blog Obra Prima apresenta um pouco desta história nas imagens, que fizeram da página de Siomara, @morar_na_roca_oficial, campeã de acesso no Instagram. As fotos são de sua autoria.
"Casa com vida é aquela que a gente entra e se sente bem-vinda". Siomara sempre foi a "garimpeira" da família. Ela gosta de reunir móveis e objetos que ninguém dá valor, até serem restaurados.
O pedaço de terra foi doado pelos pais e as árvores foram as primeiras a chegar. Não havia dinheiro para construir, mas, guerreira, Siomara foi vencendo o desafio aos poucos. Por etapas. Na hora de levantar a parede, ela mesma arregaçou as mangas e resolveu fazer uma experiência com textura, muito na moda em 2003, no tijolo simples. O resultado foi surpreendente.
A estrutura do telhado foi feita com eucaliptos naturais, que vieram das terras vizinhas da tia, onde já estavam derrubados. Uma saída para o ferro, bem mais caro.
A oportunidade de morar no Peru, onde o marido foi chamado a trabalhar por três anos, possibilitou trazer muitos objetos diferentes - de lustres a roupa de cama.
"Eu já tinha um fogão à lenha de cimento queimado, mas era vermelho igualmente ao chão. Neste novo espaço, que é bem maior do que o da antiga cozinha, preferi fazer o piso e o fogão à lenha com cimento branco".
Com orçamento enxuto para um piso de madeira, Siomara optou pelo cimento queimado. O chamado "vermelhão" na construção original, de 20 anos atrás, deu lugar ao branco, na nova etapa. Uma inspiração das casas de Trancoso, BA. "Antigamente, o cimento queimado era usado nas moradias mais simples, agora virou queridinho de todo mundo. De fácil manutenção, uso somente um pano úmido e raramente uma cera líquida incolor auto brilho de supermercado".
Parte do piso de cimento queimado e azulejos hidráulicos da antiga cozinha, feito há 15 anos, permanece no projeto mais novo.
As janelas estilo celeiro foram desenhadas pela arquiteta Letícia Brites, sua cunhada. A banheira da casa da avó foi bebedouro de vaca no pasto até ser resgatada e ocupar a ala dos netos. "Perguntam por que não a coloquei no meu banheiro. Eu queria que meus netos pudessem viver e guardar essa memória afetiva".
Uma casa onde se respira amor pelo bem viver, nos menores detalhes.
"Por aqui as memórias afetivas estão por todos os lados. Tacho da Vó Luzia, que estava furado, virou fogo de chão".
Siomara e o marido Fabio Mendes, engenheiro.
Comments